Câncer pode ser detectado na saliva e no sangue, diz estudo
Quanto mais cedo um câncer for identificado, maiores as chances de cura. Esse consenso médico, que estimula diversas campanhas para detecção precoce da doença, motivou pesquisadores americanos a desenvolverem uma técnica que diagnostica de forma mais simples e rápida tumores na cabeça e no pescoço, exigindo apenas uma amostra da saliva e do sangue dos pacientes. Testado com bons resultados em um grupo reduzido de pacientes, o exame aponta a possibilidade de que, daqui a alguns anos, exista um exame eficaz que dispense procedimentos mais complexos, como biópsia.
O teste criado pelos americanos, apresentado esta semana na revista Science Translational Medicine, é um sequenciamento capaz de identificar no material colhido dos pacientes mutações genéticas relacionadas a essas enfermidades, incluindo o HPV, vírus que é uma das maiores causas dos males, ao lado do consumo de álcool e do tabagismo. A técnica é derivada de estudos anteriores que identificaram marcadores genéticos desses tipo de cânceres.
“A ideia surgiu a partir da especificidade de alterações genéticas que caracterizam e são a marca de células cancerosas. Apenas essas substâncias contêm essas mutações. Assim, sua detecção em fluidos corporais era uma expectativa razoável”, explica ao Correio Nishant Agrawal, professor associado de oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins e um dos autores do trabalho.
Para testar a eficácia da técnica, foram selecionados 93 pacientes diagnosticados com câncer. O teste foi bem-sucedido em 76% das vezes em que se analisou apenas a saliva e em 87% quando aplicado em amostras de sangue. Porém, nos 47 voluntários que cederam os dois tipos de fluido, o índice de acerto alcançou 96%, com o câncer sendo detectado em 46 indivíduos.
A saliva foi muito eficaz na detecção de câncer de cavidade oral, incluindo casos em estágios iniciais. Já o sangue se mostrou ideal para encontrar três outros tipos de câncer que afetam a garganta e o pescoço. “Combinando análises de sangue e de saliva foi possível aumentar as chances de encontrar o cancro em qualquer uma dessas regiões”, diz Agrawal.
Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Destaque Notícias
26 de junho de 2015