Castanha do Pará traz benefícios para a saúde da tireoide, diz médico de SP
Produto rico em selênio auxilia no tratamento contra o hipotireoidismo. Dr. Cley Rocha descobriu que consumo potencializa a ação dos hormônios repostos.
Acompanhada do marido, dona Teresa chega para a consulta médica. Um compromisso que ela repete a cada seis meses, sem falta. Bem disposta, aos 57 anos, ela dá conta sozinha de todos os afazeres da casa, na Zona Leste de São Paulo. Muito religiosa, auxilia o padre na missa, mas há 15 anos, essa rotina foi interrompida por um susto, no dia que dona Teresa percebeu um volume na região do pescoço. O que ela tinha era hipotireoidismo, que é a redução na produção dos hormônios da tireoide.
A tireoide é uma glândula localizada na região do pescoço, logo abaixo da cartilagem da laringe. Libera dois hormônios, o T3 e o T4, que atuam em todos os sistemas do nosso organismo, inclusive na função de órgãos importantes como coração, cérebro, fígado e rins.
O hipotireoidismo acontece quando a produção dos hormônios é baixa. Tem como sintomas, entre outros, depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, cansaço, prisão de ventre, menstruação irregular e ganho de peso.
O tratamento usual para o hipotireoidismo é a reposição do hormônio T4, até atingir os níveis corretos. É o que dona Teresa vem fazendo, há 5 anos. Ela faz uso de levotiroxina sódica, que substitui o hormônio T4, também conhecido como tiroxina, produzido pela tireoide.
Pesquisando casos como da dona Teresa, o endocrinologista do Hospital das Clínicas Cley Rocha verificou que muitos pacientes poderiam ser beneficiados se incluíssem no tratamento um produto que não está nas farmácias, e sim nos supermercados ou lojas de produtos naturais: É a nossa castanha do Pará ou castanha do Brasil.
Fruto de uma enorme castanheira, árvore nativa da Floresta Amazônica, essa noz é superpoderosa. Batizada também de castanha-do-brasil (pois é assim que ficou conhecida país afora), possui nutrientes como ácidos graxos, vitaminas B e E, proteína, fibras, cálcio, fósforo e magnésio. Mas a grande estrela é o selênio, um mineral altamente antioxidante que garante longevidade. Um estudo da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, afirma que a ingestão diária de duas castanhas-do-pará eleva em 65% o teor de selênio no sangue. No entanto, as castanhas produzidas no Norte e no Nordeste do Brasil são tão ricas em selênio que bastaria uma unidade para tirar o mesmo proveito. A recomendação é de que um adulto consuma, no mínimo, 55 microgramas por dia.
O motivo é que nossa castanha é campeã em selênio, uma substância antioxidante que tem o poder de reduzir a inflamação da tireoide, potencializando a ação dos hormônios repostos. O selênio está presente em outros alimentos, como a carne, o feijão e os frutos do mar, mas no Brasil, nenhum outro é melhor que a castanha.
Dona Teresa, que já é bem cuidadosa com a alimentação, aderiu à receita com entusiasmo. O selênio em cápsulas pode ser encontrado em farmácias e lojas de produtos naturais. É provável que os problemas com a tireoide sejam hereditários na família de dona Teresa. Há casos no passado e agora são as filhas dela que apresentaram sintomas.
Alimento que funciona
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a castanha-do-pará está na lista dos alimentos funcionais. Isso porque, além de nutrir, ela promove benefícios à saúde: o consumo de uma castanha por dia ajuda a combater doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, câncer e obesidade. O ômega 3 diminui o triglicerídeo, controla a hipertensão (já que favorece o relaxamento dos vasos sanguíneos) e é anti-inflamatório. As vitaminas do complexo B e o magnésio são essenciais para o sistema nervoso, contribuem para diminuir a ansiedade e melhorar o humor e ainda afastam a depressão.
Óleo na engrenagem
Atualmente, também é possível encontrar a castanha em óleo, cujas qualidades são as mesmas do fruto. Com gosto suave, é recomendado para temperar saladas ou dar um toque saboroso aos assados e cozidos. “Não aqueça o azeite de castanha. No fogo, suas propriedades vão embora e ele pode ganhar substâncias tóxicas”, diz a especialista. Lembre-se: o óleo também tem grande valor calórico e o consumo não deve ultrapassar uma colher de sopa (90 calorias) por refeição.
Guarde bem!
Por causa do alto teor de gordura, a castanha do-pará fica rançosa facilmente. Mantida na geladeira, ela dura cerca de cinco meses. Já em locais arejados e secos, seu sabor é preservado por até três meses.
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Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Destaque Notícias
25 de maio de 2016