Especialistas: casos de dengue devem aumentar no período de calor e chuvas | IMEB

Especialistas: casos de dengue devem aumentar no período de calor e chuvas

 

 

Especialistas alertam: o pior está por vir quando o assunto são as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. A temporada de chuvas aliada a altas temperaturas deve alavancar os números de infecções até abril. Ao todo, são 562 notificações por dengue, 23 suspeitas de zika vírus e nove de chikungunya. Contudo, não houve confirmações de novos casos das duas últimas doenças. A apresentação dos dados coincidiu com a morte da enfermeira Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, cunhada do vice-governador Renato Santana. Em documento entregue pelo hospital, fornecido pela família, consta como causa “febre hemorrágica por dengue”. Se confirmado, será o primeiro caso registrado no DF em 2016.

Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta da dengue é de 153,65%. Em uma semana, os casos subiram 84,2%. Brazlândia (162), São Sebastião (53), Ceilândia (37) e Planaltina (37) são as cidades com maior número de casos, respondendo por 59% das infecções ocorridas. O Correio revelou falhas no combate ao mosquito e a falta de kits para detecção de dengue e chinkungunya. A capital federal tem no estoque apenas 600 litros de biolarvicida e 280 litros de inseticida usado nos carros fumacês. O montante é o suficiente para apenas dois meses.

A Secretaria de Saúde garantiu, em nota, que o combate do mosquito ocorre diariamente em todas as cidades. “Estamos trabalhando junto ao Ministério da Saúde para que uma nova remessa do produto chegue ao DF antes do término deste quantitativo existente”, afirma o documento. “Os estoques estão a contento e não há risco de desabastecimento, pois todas as ações necessárias para a aquisição dos insumos foram iniciadas com bastante antecedência, de forma planejada”, diz outro trecho.

Na segunda-feira, o Executivo local inaugurou a sala de controle das ações de combate ao Aedes aegypti. Dois dias depois, deparou-se com a primeira morte por dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença, na capital federal. Maria Cristina pertencia ao quadro da Secretaria de Saúde há 16 anos. A enfermeira era da diretoria de atenção primária à saúde no Hospital Regional de Brazlândia (HRB). Ela deu entrada às 23h de terça-feira e morreu às 4h de ontem. Além de passar pelo hospital que trabalhava, Cristina também recebeu atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Cunhada do vice-governador, Renato Santana, o último encontro entre eles ocorreu há uma semana, quando ela almoçou com número dois do Palácio do Buriti. “Eu lembrei de um episódio que está me derrubando emocionalmente. Dividíamos o dicionário e livros na escola. Tínhamos apenas um exemplar e estudávamos em horários distintos”, lamentou Renato Santana. Cristina era casada com Pedro Santana, irmão do vice-governador.
Perigo

A presidente da Sociedade de Infectologia do DF, Dea Márcia da Silva Martins Pereira, adverte que os casos vão aumentar após o carnaval. Segundo a especialista, o índice deve pelo menos dobrar nos próximos dois meses. “Estamos no início do período de contágio. Com as chuvas e as temperaturas mais altas, isso deve ser acentuado. A circulação das pessoas no carnaval também é favorável. Nesta faixa do ano, há muitas viagens, por exemplo”, explica a estudiosa, ao ressaltar que durante o verão a incidência de casos é maior que nas outras estações.

A infectologista Silvia Maria Leite Freire avalia que o combate deve ser mais rigoroso na cidade. “As autoridades sanitárias sabem que, no verão, a disseminação do vetor é maior”, critica a especialista. “O controle do mosquito não é impossível. É difícil, mas, com medidas mais fortes, é possível barrar a expansão do Aedes”, completa.

“As pessoas não ajudam. É fácil encontrar focos de mosquito da dengue pelas ruas”, admite o agente epidemiológico Adenalto Pereira, 62 anos. Ontem, a reportagem acompanhou uma inspeção no Cruzeiro, cidade onde a dengue cresceu 239% em 2015. Havia espaços fechados, além de muitos criadouros potenciais do Aedes. “Se cada pessoa fizer sua parte, a situação pode, ao menos, ficar controlada”, explica o servidor. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) regulamentou a lei que prevê multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão para moradores de casas com criadouros da praga e entrada compulsória em espaços trancados, mas com suspeita de abrigar focos.
Na casa do professor de francês Hubert de la Fontaine, 70 anos, tem água parada somente na armadilha para o mosquito. A residência conta com repelentes de tomada e telas protetoras nas janelas. Um dos quartos tem um mosqueteiro. “O essencial é não deixar o mosquito nascer e, depois, se proteger quando a infestação do inseto está alta. Aqui, o quintal fica sempre limpo”, garante o francês, morador do Jardim Botânico. Por lá, a incidência de dengue é de 13,24 casos a cada 100 mil habitantes.

Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Destaque Notícias

2 de fevereiro de 2016

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