Estudo mostra como a diabetes tipo 2 ocorre em pessoas obesas
Pesquisa publicada na ‘Nature Communications’ demonstra que processo é mediado por ação de proteína no fígado. Achado abre caminho para novas terapias.
Campanhas de saúde pública já alertam a população acerca dos riscos à saúde advindos da obesidade. Um dos mais citados é o desenvolvimento da resistência à insulina (diabetes tipo 2), quando o hormônio utilizado para metabolizar a glicose torna-se insuficiente.
No entanto, o porquê desse fenômeno acontecer não está muito bem estabelecido pela ciência — ainda mais quando se consideram os complicados mecanismos moleculares envolvidos.
Em estudo publicado nesta terça-feira (28) na “Nature Communications”, pesquisadores mostram como o fígado media esse processo — o que abre caminho para novas terapias contra a diabetes tipo 2 (a forma adquirida da doença).
A pesquisa foi realizada pela Universidade de Genebra, na Suíça, e teve como coordenador o professor Roberto Coppari, da Faculdade de Medicina da instituição.
Coppari e equipe demonstraram em cobaias que a obesidade faz aumentar os níveis da proteína PTPR-γ. Essa substância inibe a ação de receptores de insulina localizados na superfície do fígado. Com isso, a presença do hormônio não é percebida.
A obesidade e a inflamação
A obesidade é um fator de risco para várias doenças pela ação inflamatória generalizada que a condição deflagra no organismo. |
Uma inflamação é a resposta do sistema imune a um agente invasor. |
Com o ganho de peso em excesso, todo o organismo ativa o sistema imunológico, gerando uma constante inflamação e um desequilíbrio metabólico generalizado. Situação leva, por exemplo, à diabetes tipo 2. |
Como foi o estudo
Para chegar aos resultados, cientistas primeiro fizeram vários testes em indivíduos portadores da condição e observaram que eles apresentaram níveis aumentados da proteína (acredita-se que a inflamação causada pela obesidade eleve os níveis do composto).
Depois, fizeram diversos experimentos em ratos que modificava a expressão da substância; na presença da proteína, a resistência à insulina ocorria; já na ausência, as cobaias não desenvolviam a condição.
Em uma segunda fase do experimento, cientistas modificaram a presença da proteína somente no fígado e observaram os mesmos resultados descritos acima. Isso demonstrou, assim, o papel fundamental do órgão no processo.
O achado abre caminho para novas terapias que visem ao bloqueio da proteína no organismo; combatendo, dessa maneira, o desenvolvimento da diabetes tipo 2.
Os cientistas salientam, ainda, que a proteína está presente na membrana celular — o que faz com que o acesso de drogas a essa substância seja mais fácil. Pesquisadores agora vão testar drogas capazes de bloquear o composto.
Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Destaque Notícias
1 de dezembro de 2017