Nova técnica evita que pacientes percam cabelos em quimioterapia | IMEB

Nova técnica evita que pacientes percam cabelos em quimioterapia

Em julho de 2015, Dora Violeta Roche foi ao médico para mais um daqueles exames de rotina. Um deles foi a mamografia, que revelou um câncer de mama.

O nódulo de 3,5mm no seio direito fez com que a rotina mudasse nos meses seguintes. A busca por um cirurgião veio e, quando decidiu operar, um mês depois, o nódulo já tinha dobrado de tamanho.

A cirurgia, no entanto, foi um sucesso. As outras partes do corpo não tinham sido afetadas pelo câncer, mas, por precaução, os médicos decidiram que Dora passaria por sessões de quimioterapia.

O tratamento é exterminador do câncer, mas também extermina os cabelos, parte que costuma ser importante para a autoestima feminina.

Ela, no entanto, 30 minutos antes da infusão de quimioterapia, recebeu uma touca gelada e permaneceu com ela até quase uma hora depois da aplicação do medicamento.

Nas 12 sessões do tratamento, Dora perdeu uma quantidade quase imperceptível de fios: a crioterapia protegeu o folículo do cabelo e impediu que ele caísse. Com isso, ela não precisou usar outros artifícios para cobrir a cabeça, como apliques ou lenços.

“Achei que ia ficar careca, mas soube dessa técnica que não garantia 100% de permanência dos fios, mas de uma grande porcentagem”, conta ela. “Perdi uns 10% do cabelo nas lavagens, mas ninguém consegue saber que fiz quimioterapia”.

Dora conta que, de zero a 10, o grau de incômodo da touca fria na cabeça é quatro. “Ficava cerca de duas horas com o capacete a cada sessão de quimioterapia, que foram 12”, diz ela.

“Nos primeiros 10 minutos das primeiras aplicações, eu sentia um pouco de dor de cabeça, mas era suportável. Realmente vale a pena, não é uma tortura”, conta ela, referindo-se a algo gelado na cabeça.

No entanto, pelo fato de ter algo resfriando o couro cabeludo, o paciente pode sentir frio. “O problema é que você fica deitada em uma poltrona, quietinha. Eu levava agasalho e colocava duas meias de lã, além de dois cobertores. Estando bem agasalhada, não passava frio”.

Entenda como funciona o ‘Scalp Cooling’

Ao lado de uma poltrona confortável, o tamanho da máquina não impressiona, tendo em vista o trabalho que faz. A aparência é de um circulador de ar comum, mas com um tubo que conduz até um capacete.

O adereço é revestido por um gel resfriado a 4ºC, mas que causa uma sensação térmica de 12º a 15ºC. É esse dispositivo médico que consegue evitar a queda de cabelo durante o tratamento contra o câncer.

“A máquina funciona com um resfriamento no couro cabeludo, que faz uma vasoconstrição, diminuindo o fluxo sanguíneo para a raiz do cabelo”, explica Mariana Laloni, do Centro Paulista de Oncologia, em São Paulo.

“É como se a gente ‘hibernasse’ o folículo quando a gente o resfria. Ele fica menos suscetível à agressão dos quimioterápicos, já que o metabolismo fica menor”.

Para que o cabelo não caia, explica Mariana, é preciso usar a touca até uma hora antes da infusão de quimioterapia, durante a administração do remédio e por um período depois que a pessoa já usou todo o medicamento. Isso impede que a droga atinja o folículo piloso e faça o cabelo cair. Quando a droga já foi metabolizada, o risco já não existe.

A garantia de preservação do cabelo depende de cada tipo de droga. Algumas drogas são mais fracas e, sem essa técnica, a pessoa ficaria apenas com os cabelos ralos. Com a touca gelada, é possível que ela consiga manter todo o cabelo.

Já em casos de quimioterapia que provocam a queda de 100% dos cabelos, Mariana explica que, com o tratamento, o paciente pode perder cerca de 20% a 30% do cabelo. Mesmo assim, não é necessário usar peruca ou lenços.

“A prevenção continua sendo eficaz, pois achamos importante o paciente manter a autoestima”, diz Mariana.

Contraindicações

O tratamento é contraindicado para quem tem câncer hematológico, como linfomas e leucemia. Segundo Mariana, pacientes claustrofóbicos também podem se sentir mal ao usar a máquina, já que a touca aperta um pouco a cabeça. Aqueles que têm algum tipo de alergia no couro cabeludo também não podem receber o tratamento.

Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Combate ao câncer

15 de janeiro de 2016

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