Parar de fumar auxilia na diminuição do consumo de álcool | IMEB

Parar de fumar auxilia na diminuição do consumo de álcool

Um estudo publicado recentemente na revista científica BMC Public Health, mostrou que, ao contrário do que se acreditava, tentar largar o cigarro não aumenta a ingestão de álcool. Pelo contrário, diminui.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, analisaram os resultados de pesquisas domiciliares que incluíam 31.878 pessoas com 16 anos ou mais. Entre março de 2014 e setembro de 2015, 6.278 dos entrevistados relataram fumar. Desses, 144 tinham tentado largar o vício na semana anterior à pesquisa.

O levantamento também pedia que os participantes completassem um questionário sobre seu consumo de álcool. Isso permitiu que os pesquisadores comparassem o consumo de álcool dos fumantes que tinham tentado largar o vício com o daqueles que não tinham tentado parar de fumar na semana anterior à pesquisa.

Os resultados mostraram que os participantes que tinham tentando parar de fumar consumiam menor quantidade de bebida alcoólica em geral do que aqueles que não tinham tentado largar o vício. Além disso, essas pessoas também tendiam a beber menos em binge – ingerir pelo menos cinco doses de bebida alcoólica, no caso dos homens, ou quatro doses, no caso das mulheres, em um período de duas horas – e eram mais propensas a ser classificadas como pessoas que bebem pouco.

O Brasil tem cerca de 30 milhões de fumantes, todos correndo os riscos que o tabaco traz. O fumo causa quase 50 doenças diferentes – principalmente as cardiovasculares, o câncer e doenças respiratórias.

Essa descoberta se opõe a estudos anteriores que afirmavam que parar de fumar pode aumentar o consumo de álcool, alimentando a crença de que o álcool seria uma forma de compensar a falta do cigarro.

Uma possível explicação para essa associação, de acordo com os autores, é que fumantes que estão tentando largar o vício podem também reduzir intencionalmente o consumo de álcool a fim de evitar a recaída. Pode ser também que pessoas que normalmente consomem menos álcool são mais propensas a parar de fumar.

Os autores acreditam que os resultados indicam que fumantes que tentam parar não irão, necessariamente, recorrer à cerveja ou à taça de vinho para preencher o vazio do cigarro.

“Esses resultados vão contra a visão comum de que as pessoas que param de fumar tendem a beber mais para compensar. É possível que elas estejam ouvindo os conselhos de evitar o álcool por causa de sua ligação com a recaída.”, diz Jamie Brown, principal autor do estudo.

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), o consumo de álcool pode agir como um gatilho para o tabagismo, prejudicando a tentativa das pessoas pararem de fumar.

O cigarro mata muito mais gente do que a bebida – segundo a Organização Mundial de Saúde, três milhões de mortes ao ano são provocadas pelo tabaco e 750 000 pelo álcool. Há duas razões principais para isso: fumar é um hábito muito mais disseminado e freqüente do que beber; e o tabagismo é apontado como causa de mais de 40 doenças cardíacas e respiratórias. A nicotina, responsável pela dependência química, é apenas uma das 4 700 substâncias presentes no cigarro – e, desse total, entre 40 e 60 são reconhecidamente cancerígenas. “O álcool apresenta-se como um flagelo mais dramático, porque está associado à desintegração familiar e a um grande número de mortes entre adultos jovens, em acidentes de trânsito ou atos de violência.

Isso faz parecer que é um vício mais perigoso, mas o cigarro mata, mais lentamente, um número bem maior de pessoas”, afirma o psiquiatra Montezuma Pimenta Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo. “O tabaco, na verdade, mata mais que todas as outras drogas juntas”, diz ele. Sem contar, é claro, que muitas vezes essas duas dependências químicas andam de mãos dadas.

Entre os fumantes, cerca de 90% ficam dependentes da nicotina entre os 5 e os 19 anos de idade.

Além dos inúmeros acidentes de trânsito e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo prazo, dependendo da dose, freqüência e circunstâncias, pode provocar um quadro de dependência conhecido como alcoolismo.

Além disso, muitos jovens, quando estão embriagados, se “esquecem” da camisinha e com isso também arriscam suas vidas com doenças sexualmente transmissíveis e uma inesperada gravidez.

Pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a experiência de médicos em clínicas brasileiras de recuperação para dependentes químicos revelam: há um crescimento do alcoolismo entre os adolescentes no Brasil, sendo que o maior número de casos incide na faixa etária de 13 a 15 anos.

O álcool é uma droga de fácil acesso e que abre caminho para outras. Os adolescentes são ainda influenciados por vários fatores: estilo de vida, depressão e pelos hábitos dos familiares de consumir bebidas alcoólicas. Outro dado importante é o fato de o organismo do adolescente ter uma tolerância maior à bebida e, quando se adquire o hábito de beber todos os dias, passa a exigir uma maior necessidade de álcool.

Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Destaque Notícias

4 de agosto de 2016

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