Como funciona a insulina inalatória no tratamento da Diabetes?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou em 3 de junho de 2019, uma nova forma de tratar a Diabetes: o uso da insulina inalatória. A insulina é feita em pó e é absorvida com a ajuda de um inalador. A previsão é que o produto esteja disponível no último trimestre do ano.
Continue lendo o artigo para saber como funciona essa nova forma de insulina, e quem poderá usufruí-la. Acompanhe!
O que é a insulina inalatória?
A insulina inalatória (ou insulina inalável ou inaladora), é uma nova forma que os pacientes diabéticos brasileiros terão para injetar a insulina no organismo. O produto recebeu o nome de Afrezza, e foi registrado pela empresa BIOMM SA. Ele já é usado desde 2015 pelos pacientes diabéticos nos Estados Unidos.
Não é a primeira vez que uma insulina inalável foi aprovada no Brasil. Em 2006, a Anvisa chegou a aprovar o uso no Brasil do medicamento Exubera, da empresa norte-americana Pfizer. Entretanto, um ano depois, a empresa suspendeu a venda do remédio, alegando pouca aceitação do mercado.
Como age a insulina inalatória no organismo?
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que tem a função de regular a produção de glicose no sangue. Existem dois tipos dela: a basal e a bolus. A primeira permanece em níveis baixos o tempo todo no corpo, impedindo que o organismo produza sua própria glicose em excesso.
A insulina bolus, por sua vez, é produzida em grande quantidade pelo pâncreas quando se identifica a necessidade. Geralmente, isso ocorre logo após uma refeição, na qual há um aumento drástico de glicose no sangue.
Os pacientes diabéticos, contudo, têm uma deficiência na produção da insulina, ou possuem resistência a ela. Como consequência, o nível de glicose pode ser tanto muito alto (hiperglicemia) quanto muito baixo (hipoglicemia).
Como forma de compensar essa falta ou baixa produção de insulina pelo corpo, os pacientes precisam injetar manualmente (com o auxílio de uma agulha) a substância no tecido subcutâneo, localizado logo abaixo da pele. Os principais locais do corpo para a aplicação da insulina são: barriga, frente e lateral externa da coxa, braço e parte superior e lateral do glúteo.
Com a insulina inalável, os pacientes podem complementar o tratamento da diabetes, visto que ela possui ação rápida no organismo, imitando a ação da insulina bolus.
Depois de inalada, o hormônio sintético em pó atinge imediatamente os chamados alvéolos pulmonares, que são pequenas bolsas localizadas no pulmão, responsáveis por fazer as trocas de oxigênio e gás carbônico na corrente sanguínea.
A insulina atinge seus níveis máximos entre 12 a 15 minutos após a inalação, e começa a declinar após cerca de 3 horas. Nesse sentido, ela é indicada apenas para o controle e estabilização da glicose no sangue.
Quais as vantagens da insulina inalável?
A insulina inalada tem como principal vantagem proporcionar mais praticidade e qualidade de vida para os pacientes diabéticos. Por exemplo: quando eles se submetem à insulina injetável, é comum apresentarem alta glicemia no início de uma refeição (uma vez que essa insulina demora para regular os níveis de glicose no sangue), e uma baixa glicemia após a refeição.
Logo, um paciente diabético que não produz insulina bolus o suficiente para regular a glicose no sangue depois de uma refeição, pode se beneficiar com a insulina inalada.
Quem pode usar a insulina inalável?
Embora o Afrezza represente uma inovação no tratamento da diabetes, ele ainda não está liberado para todos os pacientes diabéticos. Quem tem diabetes mellitus tipo 1, pode usar a insulina inalável desde que permaneça com o tratamento com a ingestão de uma insulina de ação prolongada. No caso de quem tem diabetes tipo 2, a insulina pode ser uma boa opção nas situações em que seja necessário controlar a glicemia de forma imediata.
Ademais, o medicamento não é recomendado para crianças, fumantes e pessoas com problemas respiratórios — como a asma —, uma vez que ainda não foi comprovada a sua eficácia e segurança para esses pacientes.
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Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Endocrinologia
16 de julho de 2014