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Utilização racional da radiação na área de saúde

Poucas descobertas na história da ciência tiveram tanta repercussão na evolução dos conhecimentos científicos e geraram uma enorme contribuição para o bem estar da Humanidade, como a descoberta dos raios-X, pelo físico alemão Wilhelm Rontgen, em novembro de 1895.

Em 1896 o físico francês Antoine Henri Becquerel estudando cristais de sulfato de urânio, verificou que estes cristais emitiam radiação semelhante ao dos raios X.  Dois anos depois o casal Curie, trabalhando no laboratório de Becquerel, chegaram à conclusão que a emissão de raios dos cristais denominava a radioatividade.

Uma das primeiras aplicações médicas dos raios –X foi a radiografia simples, que permitiu um registro permanente da imagem.

A primeira aplicação da medicina nuclear aconteceu por volta de 1946, em tratamento terapêutico em paciente com hipertireoidismo utilizando o radioisótopo Iodo 131.

A utilização da radiação em diagnóstico por imagem, seja para um simples Rx de Tórax, passando por mamografia, tomografia computadorizada, procedimentos da hemodinâmica (“cateterismo cardíaco”, instalação de stents) e ainda procedimentos e tratamentos com radionuclídeos pela Medicina Nuclear, tem aumentado muito nos últimos anos.

Isto tem acontecido pelo desenvolvimento de novos métodos diagnósticos médicos que utilizam radiação e pelo maior acesso da população a exames, sobretudo em países do terceiro mundo e claramente em nosso país.

Este aumento de utilização de exames com radiação tem preocupado as sociedades médicas e a Organização Mundial da Saúde, pois embora existam grandes benefícios destes procedimentos para o diagnóstico precoce e tratamento de muitas doenças, a radiação tem seus efeitos colaterais e eles são cumulativos.

Em 2008 a Organização Mundial da Saúde patrocinou em Genebra, um grande evento (“Global Initiative on Radiation Safety in Health Care Settings”), com 67 participantes de várias sociedades e organizações médicas afins, de vários países do mundo, para que se alertasse sobre os riscos da radiação, seu uso criterioso, estabelecimento de mecanismos de controle dos equipamentos e de educação para profissionais da área de saúde e mesmo para leigos.

O uso médico de radiação ionizante é considerado o maior fator que contribui para a exposição da população, vindo de fontes artificiais. No mundo todo, anualmente existem mais de 3.6 bilhões de exames que utilizam raios X, sendo cerca de 10% deles em crianças, outros 37 milhões de exames em medicina nuclear e ainda 7,5 milhões de procedimentos radioterápicos (dados de 2008).

Em documento recente a Sociedade Europeia de Cardiologia menciona que a Cardiologia é responsável por 40% de exposição de pacientes a radiação e equivale a mais de 50% de radiografias de tórax feitas por pessoas por ano.

Os cardiologistas, sobretudo na Europa, estão sendo estimulados a reduzir a exposição de pacientes por meio deste documento, publicado no “European Heart Journal”.

A Sociedade Americana de Medicina Nuclear (SNM), em abril deste ano, na secção de Educação Continuada do seu documento oficial (The Journal of Nuclear Medicine), publicou maneiras de reduzir a dose de radiação dos exames de Cintilografia Miocárdica.

Na área de tomografia, o conceituado New England Journal of Medicine, publicou em Junho deste ano, um protocolo de Rastreamento para Câncer de Pulmão, utilizando tomografias com baixas doses, para ser utilizada na população americana.

Infelizmente no Brasil as iniciativas são muitos tênues e pouco efetivas.

Este processo de redução de exposição radioativa da população passa por vários setores e frentes de atuação, seja na educação médica, para requisição e realização de exames realmente necessários, participação das sociedades médicas na padronização de protocolos, a indústria de equipamentos médicos para desenvolver equipamentos mais modernos, com menos radiação e uma maior conscientização de população leiga, que pressiona o médico a solicitar exames radiológicos, muitas vezes desnecessários.

Existem outros exames diagnósticos por imagem que não utilizam radiação ionizante, como as Ecografias e a Ressonância Magnética.

Em nossa empresa temos várias ações que vão de encontro com esta preocupação da Organização Mundial de Saúde, e a seguir citaremos algumas.

Tomografia Computadorizada:

– Equipamentos mais modernos, com protocolos de baixas doses, que reduzem significativamente as doses de exposição.

– Bombas injetoras de contraste automáticas, que faz com que o auxiliar técnico não se exponha como nas injeções manuais.

– Calibração periódica dos equipamentos, por empresas especializadas.

Mamografia:

– Mamógrafos digitais, com controle de doses, reduzindo a exposição radioativa quando comparado com mamógrafos analógicos, mais antigos, porém ainda existentes em muitas empresas.

– Calibrações periódicas dos equipamentos, por empresas especializadas.

Medicina Nuclear:

– Na cardiologia nuclear, equipamentos dedicados, com detectores mais sensíveis e utilizando doses de radiofármacos (radiação gama) cerca de 50% menores do que quando utilizados em equipamentos tradicionais.

– Implantação da radiofarmácia, com um profissional treinado e dedicado ao preparo dos radiofármacos, reduzindo a exposição dos técnicos e auxiliares de medicina nuclear, como o que ocorrem em clínicas que não tem a radiofarmácia.

– Estabelecimento de protocolos de exames com a menor dose possível, de acordo com a massa corporal e com especial cuidado para crianças, que são mais sensíveis.

– No PET/CT, utilização do CT de baixa dose e com um equipamento de PET mais sensível, redução em cerca de 30% das doses. A utilização de equipamento separador automático de doses reduz a radiação para o radiofarmacêutico/técnico operador.

Segurança do trabalhador:

– Disponibilização de todos os EPIs para proteção individual, com acompanhamento rigoroso das taxas de exposição dos trabalhadores coletadas em dosímetros individuais, com sistema informatizado disponível em tempo real para os colaboradores – análise feita por físicos da empresa.

Segundo o exposto acima, devemos procurar utilizar os exames diagnósticos que utilizam radiação com prudência, sem receios, mas de uma forma consciente e procurando os melhores serviços e profissionais.

Leia também: Mitos e Verdades sobre Medicina Nuclear: o que você precisa saber.

Dr. Alaor Barra Sobrinho
Especialista em Medicina Nuclear e
Diretor Médico do IMEB.

Por: Dr. Renato Barra / Categoria: Sobre o IMEB

29 de setembro de 2015

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