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Como diagnosticar problemas no fígado
Por: Dr. Renato Barra

Como diagnosticar problemas no fígado

O fígado está entre os órgãos mais polivalentes e importantes para o bom funcionamento do nosso corpo, desempenhando diversas funções essenciais.

É ele o responsável por manter nosso corpo livre de toxinas, processando o que comemos e bebemos; produzir, armazenar e disponibilizar energia; servir de depósito para vitaminas e minerais, entre muitas outras funções.

Por estar em contato constante com tantas substâncias (muitas delas tóxicas), o fígado está sempre exposto a problemas e alterações. E quando não funciona bem, todo o corpo sofre.

Neste artigo vamos te mostrar as principais doenças que afetam esse órgão e como diagnosticar problemas no fígado. Acompanhe!

Quais sintomas podem indicar um problema no fígado?

Como dito acima, o fígado é um dos órgãos que mais desempenham funções no corpo humano (mais de 500) e, por isso, é um dos mais importantes. 

Por exemplo, é por meio da produção da bile que ele executa tarefas como metabolizar e eliminar do nosso corpo substâncias tóxicas que consumimos (álcool, medicações, drogas, etc.), processar células de gordura, lidar com micro-organismos nocivos, controlar a acidez do estômago e muitas outras funções.

Inclusive a glicose, que serve de combustível para o funcionamento do nosso corpo, é processada pelo fígado, que transforma carboidrato em açúcar.

Quanto aos possíveis sinais que podem indicar que algo não vai bem com seu fígado, podemos citar:

  • Dores de cabeça frequentes e sem motivo aparente.
  • Dor na região do fígado (lado direito do estômago).
  • Náuseas e sensação de tontura.
  • Aspecto amarelado da pele e do branco dos olhos.
  • Urina escura.
  • Fezes claras (amareladas, cinzentas ou esbranquiçadas)
  • Falta de apetite.
  • Inchaço abdominal.

É provável que você não apresente todos esses sintomas, mas a combinação de alguns deles já é motivo para buscar uma avaliação médica.

Veja também: Hepatite – Como é feito o diagnóstico?

Doenças que afetam o fígado

Por conta de todas as funções que o fígado realiza, ele está exposto a inúmeras ameaças, caso a pessoa não tenha o devido cuidado.

Entre as condições que podem afetar esse órgão, podemos citar:

1. Cirrose 

A cirrose não é necessariamente uma doença, mas o resultado final de várias doenças que podem afetar o fígado, caso não sejam tratadas. Se o órgão passa por inflamações persistentes, seu tecido vai sendo substituído por “cicatrizes” (fibroses) que, em estágio avançado, que leva à cirrose e suas consequências.

Inicialmente o órgão vai diminuindo de tamanho, e caso não seja tratado, pode deixar de funcionar. A cirrose não tem cura e, em muitos casos, a solução é somente o transplante de fígado.

As principais condições que podem levar à cirrose são as hepatites B e C, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e excesso de peso (gordura no fígado).

2. Hipertensão portal

A hipertensão portal (HP) é uma das consequências da cirrose. Ela é causada pelo aumento na pressão da veia porta (vaso que drena o sangue dos intestinos para o fígado).

Essa condição pode resultar na formação de varizes no esôfago. Semelhantes às varizes que ocorrem nas pernas, esses vasos dilatados podem se romper e causar sangramento digestivo e ao acúmulo de líquido no interior do abdômen (ascite).

O quadro também pode prejudicar funções como o metabolismo de proteínas, eliminação de toxinas, redução da coagulação do sangue (importante em sangramentos) e até complicações neurológicas (encefalopatia hepática).

3. Hepatites

Quando falamos de hepatite, estamos nos referindo a todo tipo de inflamação do fígado, que podem ter diferentes causas, sendo as mais frequentes as infecções pelos vírus tipo A (via água ou alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra), B e C (por meio do contato com sangue contaminado ou relações sexuais desprotegidas), consumo excessivo de álcool ou outras substâncias tóxicas (como medicamentos).

Os vírus atacam as células do fígado, já o álcool e outras substâncias levam à produção de ácidos nocivos às células hepáticas.

Se não tratada, pode se tornar crônica (sem cura), levando a complicações como cirrose ou até câncer. 

4. Esteatose hepática

A esteatose hepática é caracterizada pelo aumento da quantidade de gordura nas células do fígado (hepatócitos). 

Caso essa condição se mantenha por muito tempo, pode levar à inflamação do órgão e, posteriormente, a quadros mais graves, como hepatite gordurosa, cirrose e até câncer.

Ao contrário da cirrose, em que o fígado reduz de tamanho, na esteatose ele cresce e, em vez de vermelho escuro (sua cor natural), adquire um aspecto amarelado.

Essa doença pode ocorrer inclusive em crianças, mas as principais vítimas são as mulheres. Acredita-se que cerca de 30% da população tenha esse problema em diferentes graus.

5. Icterícia obstrutiva

Icterícia obstrutiva é qualquer condição que bloqueie ou reduza o fluxo de bile pelos canais biliares do fígado. 

As possíveis causas para a icterícia obstrutiva podem ser várias, desde cálculos biliares (pedras na vesícula); tumores que afetem as vias biliares, a vesícula ou o pâncreas; pancreatite crônica; contaminação por parasitas; doenças das próprias vias biliares; ou lesões na região, provocadas por traumas ou cirurgias. 

Também é possível que ocorra em bebês, que já nascem com essas vias obstruídas, a chamada atresia biliar.

6. Câncer de fígado

O câncer de fígado costuma ser bastante agressivo e geralmente tem origem nos hepatócitos (células do fígado), nos canais biliares ou nos vasos sanguíneos dessa região.

Seus sintomas geralmente são percebidos apenas em estágios mais avançados da doença e se manifestam de forma semelhante a outras doenças que afetam o fígado, como dor na região do fígado, pele e olhos amarelados, enjoo, perda de apetite e de peso sem motivo aparente.

Entre os grupos de maior risco, podemos citar aqueles que apresentam elevados níveis de gordura no fígado (esteatose hepática), cirrose ou pessoas que fazem uso inadequado de substâncias como esteroides anabolizantes

Como diagnosticar problemas no fígado

Para o diagnóstico de problemas no fígado, o passo inicial é mesmo o exame físico, em que o médico irá palpar a região em busca de sinais de inchaço ou dor. Além disso, o profissional também irá colher informações sobre os hábitos de vida do paciente (como o consumo excessivo de álcool), que podem ser muito esclarecedores quanto à investigação do quadro.

Já em termos de exames, normalmente são colhidos exames laboratoriais, como a avaliação de enzimas relacionadas ao fígado, como TGO, TGP e gama-GT, que geralmente se elevam em quadros de lesões hepáticas.

Caso esses exames sejam sugestivos de problemas de fígado, o passo seguinte é a realização de exames de imagem para avaliar aspectos como forma, tamanho, coloração e textura do fígado.

Para isso, pode ser realizada desde ecografias até exames mais avançados e precisos, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Esses exames permitem também verificar possíveis lesões no órgão e sugerir a realização de biópsia.

Veja também: Hepatomegalia – sintomas, causas e tratamentos!

Julho amarelo: mês de luta contra as hepatites!

A campanha do Julho Amarelo foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem o objetivo de reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hematologia (SBH), todos os anos morrem cerca de 30 mil pessoas por ano por conta de doenças no fígado. Só a hepatite tipo C acomete cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil, além de 400 mil com hepatite B.

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