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Por: Dr. Renato Barra

Mudanças de atitude ajudam a prevenir o câncer

Alimentos naturais, meia hora de atividades físicas, protetor solar, exames diagnósticos regulares e outros hábitos simples são importantes para evitar a doença

Segundo informações do Inca (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva), são estimados cerca de 600 mil novos casos de câncer no Brasil somente neste ano. O tipo mais frequente é o câncer de pele não melanoma, seguido de próstata, mama feminina, cólon e reto (conhecido como câncer de intestino), pulmão, estômago, colo do útero, cavidade oral, sistema nervoso central, leucemias e esôfago. Porém, cerca de um terço desses câncer poderiam ser prevenidos somente com mudanças no estilo de vida. “A prevenção do câncer é possível por meio de adoção de hábitos saudáveis, que têm um grande impacto para isso. Além disso, essas medidas também ajudam a proteger contra outras doenças crônicas, como as cardíacas, cerebrais e vasculares”, afirma Roger Akira Shiomi, oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba/Grupo Oncoclínicas.

Causado pelo excesso de exposição ao sol, o câncer de pele pode ser evitado apenas adotando atitudes simples no dia a dia. “Os raios ultravioletas são responsáveis pelos tumores malignos de pele. Isso também vale para as câmaras de autobronzeamento. Por isso, é fundamental evitar esse tipo de prática e quando sair de casa ou for à praia, usar medidas de fotoproteção, como protetor solar sempre que sair de casa, chapéus, camisetas, entre outros, além de evitar a exposição das 10h às 16h durante o horário de verão e das 11h às 15h no restante do ano”, explica o também oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba/Grupo Oncoclínicas, Elge Werneck Jr.

Relacionado a vários tipos de tumores, o tabagismo é uma das principais causas da doença e também pode ser evitado. “O cigarro é responsável por aproximadamente 30% dos casos de câncer no mundo. Se o cigarro não existisse, talvez tivéssemos 1/3 a menos de incidência da doença”, revela Elge Werneck Jr. Ele ressalta ainda para ficar atento ao tabagismo passivo. “Se você não fuma, mas convive com um fumante que fuma três cigarros ao seu lado, será como se você tivesse fumado um cigarro.”

Outra mudança eficaz no combate ao câncer é substituir os alimentos industrializados por naturais. “Evitar alimentos processados, defumados ou com muito conservantes e ingerir pouco sal e açúcar tem se comprovado medidas importantes de prevenção. A recomendação é aumentar o consumo de frutas, vegetais, verduras e cereais e controlar a ingestão de carne vermelha, sempre evitando os cortes mais gordurosos”, salientam os oncologistas.

As bebidas alcoólicas também devem ter o consumo reduzido. Segundo os oncologistas, a ingestão de mais de duas latas de cerveja ou mais de um copo de bebida destilada duas vezes por semana já produz um risco maior para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. “A ingestão de álcool, mesmo nessas quantidades moderadas, eleva o risco de câncer de intestino, mama, esôfago e faringe”, alertam.

A falta de atividades físicas regulares é mais uma atitude que deve ser modificada para evitar a doença. “O sedentarismo eleva o fator de risco para o câncer de cólon e mama e está relacionado a outros tipos de câncer”, conta Roger Shiomi. A prática de exercícios ajuda a diminuir esses riscos, pois atua na proteção do organismo. “A atividade física tem um efeito fisiológico em nosso corpo e funciona como um mecanismo anti-inflamatório. Basta começar a praticar exercícios para estimular isso”, explica Elge Werneck. E não precisa se tornar um atleta para ter esses benefícios, de acordo com o oncologista: apenas 30 minutos diários em, no mínimo, três vezes por semana, já são o suficiente para prevenir o câncer e outras doenças.

A prevenção de DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) também é importante para evitar o câncer. “O vírus HPV, por exemplo, é o principal fator de risco para o câncer de colo de útero e seus subtipos mais agressivos. Ele pode ser prevenido com o uso da camisinha e vacinação”, salientam os oncologistas.

Avaliação médica

Quando não se consegue evitar a doença, a realização de um diagnóstico precoce aumenta as chances de cura ou sobrevida do paciente. “As chances de cura do câncer em estágio inicial são muito elevadas, mas variam conforme o tipo de tumor e suas características. Há, por exemplo, subtipos de tumores malignos da mama que, no primeiro estágio, podem ser curados em 95% dos casos”, revela Roger Shiomi.

Em casos de histórico familiar da doença, a recomendação é buscar auxílio médico em uma idade dez anos inferior a do parente quando ele descobriu o câncer. “No caso do câncer de mama, por exemplo, todas as mulheres devem fazer mamografia a partir de 40 anos de idade. Já as mulheres que têm casos desse câncer em parentes de primeiro grau, como mãe e irmã, ou duas parentes de segundo grau (como avó e tia), que tiveram o câncer de mama antes dos 50 anos, deve antencipar a avaliação para dez anos antes do primeiro caso na família”, esclarece Werneck.

Mas, mesmo quem não tem casos de câncer na família, deve realizar regularmente alguns exames diagnósticos que já há eficácia de detecção precoce comprovada pela Medicina. A regularidade dos exames dependerá da recomendação médica e avaliação individual de cada paciente. Saiba quais são eles e quando devem começar a ser realizados:

– Papanicolau, para diagnóstico de câncer de cólo de útero. O exame deve ser realizado pelas mulheres após o início da atividade sexual;

– Mamografia, para diagnóstico do câncer de mama, deve ser feito pelas mulheres partir dos 40 anos;

– Exame de sangue PSA e toque retal, para diagnóstico de câncer de próstata, são indicados para os homens com mais de 50 anos. Importante: um exame não anula a necessidade do outro. Para o diagnóstico preciso, é necessário somar os resultados de ambos;

– Colonoscopia, para diagnóstico de câncer intestinal, é recomendado a partir dos 50 anos, tanto para homens quanto para mulheres.

– Para quem é fumante há mais de 20 anos, é aconselhado realizar uma tomografia de tórax para diagnóstico de câncer de pulmão.

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