Distúrbios de tireoide são condições que afetam a estrutura e a função de uma glândula localizada na parte inferior do pescoço. Eles são mais comum nas mulheres, entre os 20 e 40 anos, mas muitas delas associam os seus sintomas a outras doenças, ou mesmo à correria do dia a dia.
Saiba mais sobre os distúrbios de tireoide e sobre como identificar os seus sinais. Acompanhe!
O que é a glândula tireoide?
A tireoide é uma glândula localizada no pescoço, logo abaixo das cordas vocais. Ela é formada por dois lobos — o esquerdo e o direito — e o istmo, que os une no meio. A glândula tem um aspecto parecido com a de um escudo, derivando daí a junção dos termos gregos: thyreós (escudo) e oidés (forma de).
A glândula é responsável pelo metabolismo basal do nosso corpo, regulando a função de importantes órgãos do organismo, como o coração, o cérebro, o fígado e os rins.
Além disso, a glândula atua no crescimento e no desenvolvimento de crianças e adolescentes, no peso, na memória, na regulação dos ciclos menstruais da mulher, na fertilidade, na concentração, e ainda no humor e no controle emocional.
Ou seja, a tireoide é um importante órgão do nosso corpo que está no centro de quase tudo que faz com que o organismo funcione bem.
Essa glândula se utiliza de iodo para produzir aqueles hormônios que são considerados vitais para o organismo — a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). São eles os responsáveis por estimular as células a trabalharem e por garantir que todo o corpo funcione corretamente.
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O que causa problema na tireoide?
Os distúrbios de tireoide acontecem justamente quando esses hormônios são produzidos a mais ou a menos do que o normal. Quando eles são produzidos em excesso, dizemos que ocorreu um hipertireoidismo. E quando são produzidos menos do que o necessário, dizemos então que houve um hipotireoidismo.
Nas duas situações, o volume da glândula pode aumentar, caracterizando um Bócio (ou “papo”). O bócio também pode surgir sob a forma de um ou mais nódulos (bócio nodular), que pode ou não ser visto exteriormente.
Esse problema tende a afetar mais as mulheres entre 20 e 40 anos, embora também possa surgir desde o nascimento. Quando isso acontece, caracteriza-se como bócio congênito.
Outro problema que pode ocorrer na glândula é o aparecimento de nódulos, que podem ou não caracterizar o câncer de tireoide.
Um nódulo de tireoide pode ser definido como um grupo de células que se desenvolveu e cresceu na glândula. Eles podem ter várias causas, como alterações normais da própria glândula ou até tumores, benignos ou malignos.
No vídeo abaixo, o Dr. Renato Barra, médico do IMEB, explica melhor sobre os nódulos na tireoide e seu diagnóstico. Assista:
Distúrbios de tireoide em mulheres
Embora o câncer de tireoide seja mais comum nos homens, nas mulheres são os nódulos e os distúrbios de tireoide que prevalecem. Cerca de 5 a 10 mulheres desenvolvem algum distúrbio, sendo que o mais comum é o hipotireoidismo, quando a glândula produz menos hormônios do que o necessário.
A causa dos distúrbios na glândula serem mais comuns em mulheres ainda não é totalmente conhecida. Mas, na maioria dos casos, o aparecimento do hipotireoidismo tem relação com uma predisposição genética a uma doença autoimune — a Tireoidite de Hashimoto.
É muito importante saber identificar os sinais de cada um desses distúrbios para que possam ser tratados o mais rápido possível. Por isso, confira, especialmente, quais são os sintomas do hipertireoidismo e do hipotireoidismo abaixo!
Principais sintomas do Hipertireoidismo na mulher (quando a tireoide produz mais hormônios)
- Perda de peso
- Aumento do apetite
- Aumento de palpitações e batimentos cardíacos
- Aumento da pressão arterial
- Nervosismo acentuado
- Transpiração excessiva
- Evacuações mais frequentes (às vezes com diarreia)
- Fraqueza dos músculos e mãos trêmulas
- Desenvolvimento de bócio
- Alteração dos ciclos menstruais e fertilidade
Principais sintomas do Hipotireoidismo na mulher (quando a tireoide produz menos hormônios)
- Letargia (estado de inconsciência semelhante a um sono profundo)
- Depressão
- Frequência cardíaca reduzida
- Aumento da sensibilidade ao frio
- Formigamento ou mesmo dormência nas mãos
- Desenvolvimento de bócio
- Prisão de ventre
- Alteração dos ciclos menstruais e fertilidade
- Pele e cabelo mais secos que o normal
- Unhas mais fracas e quebradiças.
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Muitos desses sintomas são muito parecidos com sintomas de outras doenças, ou mesmo com reações comuns do corpo causado pelo estresse e por um estilo de vida apressado. Por isso que é muito comum os distúrbios de tireoide passarem despercebidos.
Se você sentir alguns desses sintomas, ou mesmo identificar algum nódulo ou alteração na região da tireoide, procure um médico para avaliar a incidência de algum distúrbio ou doença da tireoide, tudo bem?
Veja também no vídeo abaixo os 4 principais exames que avaliam as alterações da Tireoide:
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Alterações no peso e distúrbios na tireoide: qual a relação?
Muitas pessoas costumam ligar o ganho ou a perda de peso a problemas na tireoide. Porém, não há uma relação direta. Por mais que alterações no peso sejam indicativos de distúrbios na tireoide, nem todos os pacientes com diagnóstico de hipotireoidismo ou hipertireoidismo, por exemplo, relatam esse sintoma.
Para ter uma ideia, 19% das mulheres brasileiras que possuem distúrbios na tireoide não relataram alterações de peso como consequência, segundo estudo realizado em todo o mundo guiado pela Merck, empresa farmacêutica alemã.
Porém, é fato que na grande maioria das mulheres com distúrbios na tireoide esse sintoma surge.
O que acontece nesses casos é que pessoas com hipotireoidismo ou hipertireoidismo sofrem com impactos no metabolismo, o que influencia no gasto de energia e na retenção de líquido do corpo.
A partir disso, é comum que pessoas com hipotireoidismo fiquem inchadas com mais facilidade, por exemplo, a depender do alimento consumido, o que passa a sensação de ganho de peso.
De qualquer forma, independente do quadro (hipertireoidismo ou hipotireoidismo), é possível controlar as taxas hormonais e promover uma readequação do peso.
Mas, é importante ressaltar também que pacientes com distúrbios na tireoide que não realizam tratamento podem sofrer com efeitos maiores no peso.
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Tratamento para distúrbios de tireoide em mulheres
Em geral, o tratamento para problemas de tireoide em mulheres costuma envolver o controle de reposição hormonal, por meio de exames de sangue que avaliam a dosagem de TSH no organismo, hormônio responsável pela produção dos hormônios tireoidianos T3 e T4.
Em casos de hipotireoidismo, por exemplo, quando a produção da tireoide está baixa, é feita a reposição hormonal com uma versão sintética do hormônio T4, de acordo com orientação médica.
Já nos casos em que o mau funcionamento da tireoide surge momentaneamente, como em algumas pacientes no pós-parto ou por efeito colateral de medicamentos, essa reposição de hormônios pode não ser necessária.
Recomenda-se apenas aguardar as funções da tireoide se normalizarem com o tempo ou suspender o medicamento que deu origem ao problema.
Porém, nos casos crônicos, o tratamento de tireoide geralmente é feito por toda a vida.
Quando o TSH é considerado alto?
Em geral, o TSH alto é um indicativo de que a tireoide não está produzindo hormônio suficiente e, quando o TSH está baixo, é um sinal de que a glândula está produzindo excessivamente. Para saber quando o TSH está alterado, é preciso consultar os valores de referência, que variam de acordo com a idade.
Em mulheres adultas, por exemplo, o valor de TSH considerado normal é entre 0,3 e 4,0 (μUI/mL).
Já para mulheres grávidas, os valores referência são diferentes, sendo:
- 1º trimestre da gravidez: o valor de TSH considerado normal é entre 0,1 e 3,6 mUI/L (μUI/mL);
- 2º trimestre da gravidez: o valor de TSH considerado normal é entre 0,4 e 4,3 mUI/L (μUI/mL);
- 3º trimestre da gravidez: o valor de TSH considerado normal é entre 0,4 e 4,3 mUI/L (μUI/mL).
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